Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).
Texto de: Dra. Munique Kurtz de Mello | Médica Gastroenterologista – CRM/SC 21.732 – RQE13.341.
O que é?
É um conjunto de sintomas resultantes do refluxo (retorno) anormal do conteúdo ácido do estômago para o esôfago.
Quais os sintomas?
A pirose (sensação de ardência ou queimação) é o principal sintoma do paciente, junto com a regurgitação (percepção da volta do conteúdo estomacal para a boca, frequentemente com sensação de amargor). Existem também os sintomas denominados atípicos que podem ser secundários à DRGE, entre eles: tosse, pigarro, rouquidão. Em situações mais raras, “sensações de bola na garganta” e até mesmo dores no peito podem ser manifestações da DRGE.
Como se diagnostica?
A endoscopia digestiva alta é um dos principais exames para o diagnóstico de DRGE e suas possíveis complicações. O mais importante é que permite a visualização de inflamação na parte inferior do esôfago (ex: manchas vermelhas, erosões, úlceras), sugestivas de esofagite relacionada ao refluxo. Pode mostrar, também, hérnia de hiato (para chegar ao estômago, o esôfago passa pelo hiato, um orifício do músculo diafragma que separa o tórax do abdômen; se esse orifício estiver mais largo e frouxo do que deveria estar, a parte superior do estômago acaba deslizando para dentro do tórax, formando a chamada hérnia de hiato que pode piorar ou facilitar a ocorrência da DRGE).
O estudo da pressão interna ao longo do esôfago (exame de manometria) e a verificação da presença de ácido proveniente do estômago no esôfago, assim como o tempo de exposição da mucosa do esôfago a esse ácido (exame de pHmetria de 24 horas) são exames relevantes para o diagnóstico da DRGE, principalmente quando a endoscopia digestiva alta não corroborar o diagnóstico e o paciente apresentar sintomas atípicos da doença. Outra indicação desses exames é quando o paciente é candidato à terapia cirúrgica.
Qual o tratamento da DRGE?
Em geral, o tratamento baseia-se em medidas comportamentais associadas ao uso de medicamentos. Alguns pacientes necessitarão apenas de semanas de tratamento, enquanto outros vão precisar de um tratamento medicamentoso mais prolongado, dependendo da recorrência dos sintomas (após o término do tratamento) e da presença de complicações.
Em alguns casos de DRGE mais complicada e principalmente quando existe hérnia de hiato de grandes proporções, o tratamento cirúrgico pode ser recomendado.
Quais as possíveis complicações?
Alguns casos mais graves de DRGE podem evoluir com formação de úlceras no terço distal do esôfago, além de poder haver sangramento dessas úlceras e até mesmo estenose (estreitamento) do órgão após a cicatrização delas. Em casos mais raros, a inflamação persistente da mucosa do esôfago pode facilitar o desenvolvimento do Esôfago de Barrett, condição em que há metaplasia (mudança anormal) das células da porção inferior do esôfago, que pode evoluir para um câncer de esôfago.
Dicas para o tratamento não medicamentoso da DRGE
- Evitar tabagismo;
- Perder peso;
- Evitar deitar logo após refeições;
- Elevar a cabeceira da cama ao dormir;
- Evitar refeições copiosas, optar por refeições fracionadas e em menor quantidade;
- Frituras, chocolates, cafés, condimentos, alho, cebola, pimenta, bebidas gaseificadas podem piorar.
(texto publicado na revista Bem Estar – edição 99 / setembro 2016)
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