Nota técnica oficial sobre vacinação contra Febre Amarela para pacientes com DOENÇAS REUMÁTICAS
A SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia), frente ao agravamento da situação epidemiológica da Febre Amarela em nosso país, propôs a formação de um grupo de especialistas com a finalidade de formular recomendações que auxiliem na orientação da vacinação contra a Febre Amarela para pacientes portadores de Doenças Reumáticas Imunomediadas (DRIM) – Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Esclerose Sistêmica Progressiva, dentre outras.
No caso de pacientes com DRIM, torna-se FUNDAMENTAL a AVALIAÇÃO cuidadosa da relação risco/benefício da vacinação.
A avaliação do risco de EAGPV (Eventos Adversos Graves Pós Vacinação) versus o benefício da vacinação deve ser individualizada, considerando o tipo de doença de base, a gravidade, seu nível de atividade, o grau da imunossupressão conferido pelo seu tratamento e o risco de contrair o vírus da Febre Amarela para viajantes ou residentes em áreas com recomendação de vacina.
A única forma efetiva de prevenção da doença é a vacinação, com taxas de eficácia sustentada de mais de 92%. Como regra geral, pacientes imunossuprimidos NÃO devem receber a VACINA DA FEBRE AMARELA. Devendo seu uso ser considerado nas situações de elevado risco epidemiológico e só após avaliação médica criteriosa (regiões com notificação de epizootias com óbitos em humanos). Nesses casos, estes pacientes não devem receber dose fracionada, conforme internacionalmente recomendado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Programa Nacional de Imunizações, no Brasil.
Seguem as conclusões do grupo de trabalho sobre a vacinação de acordo com o grau de imunossupressão por classe e dose de drogas utilizadas no tratamento desses pacientes. Dessa forma, espera se subsidiar os entes públicos e os médicos especialistas com os devidos esclarecimentos e orientações sobre o tema.
PACIENTES CONSIDERADOS NÃO IMUNOSSUPRIMIDOS – CLINICAMENTE ESTÁVEIS, QUE ESTIVEREM NAS SEGUINTES CONDIÇÕES:
⦁ Sem tratamento
⦁ Recebendo Sulfasalazina ou Hidroxicloroquina
⦁ Em uso de costicosteróide tópico, peri-articular ou intra-articular.
PACIENTES CONSIDERADOS SOB BAIXO GRAU DE IMUNOSSUPRESSÃO:
⦁ Metotrexato < 0,4mg/kg/semana ou < 20mg/kg/semana
⦁ Leflunomida doses 20mg/dia
PACIENTES CONSIDERADOS SOB ALTO GRAUS DE IMUNOSSUPRESSÃO:
⦁ Tratamento diário com osticosteróides em doses > 20mg/dia (ou > 2mg/kg/dia para pacientes com peso <10 kg) de prednisona ou equivalente >14 dias;
⦁ Pulsoterapia com metilpredinisolona;
⦁ Utilizando micofenolato de mofetil ( ou sódico, ciclosporina, ciclofosfamida, tacrolimus, azatioprina;
⦁ Inibidores de JAK com tofacitinibe;Imunomoduladores biológicos.
- RECOMENDAÇÃO 1
Recomenda-se não realizar a VFA em pacientes com DRIM que estejam sob alto grau de imunossupressão. - RECOMENDAÇÃO 2
Não realizar a VFA em pacientes com DRIM com alta atividade de doença de base. - RECOMENDAÇÃO 3
Não realizar a VFA pacientes com DRIM em uso de corticosteroides em doses consideradas de alta imunossupressão. - RECOMENDAÇÃO 4
Onde houver a indicação da VFA, recomenda-se um intervalo mínimo de 4 semanas antes de iniciar ou reiniciar o tratamento com medicações imunomoduladoras e imunossupressoras. - RECOMENDAÇÃO 5
Respeitar período mínimo de intervalo após a suspensão das medicações, variando conforme o grau de imunossupressão conferida, antes da aplicação da vacina. Esta orientação, quanto à interrupção do tratamento, deve ser individualizada e realizada por um especialista, baseada na tabela abaixo.
- RECOMENDAÇÃO 6
Não aplicar VFA concomitante com outra vacina de vírus vivo atenuado (todas igualmente contraindicadas em imunodeprimidos), principalmente a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba). Quando indicadas, recomenda-se um intervalo de 28 dias entre estas vacinas. - RECOMENDAÇÃO 7
Não há contraindicação da VFA para contactantes de pacientes imunocomprometidos.
Veja a publicação na íntegra aqui: https://www.reumatologia.org.br/downloads/pdf/nota-sociedades-vacina%C3%A7%C3%A3o-febre-amarela-2018.pdf